(Gente, eu jurava que a edição dessa semana ia ser sobre Barbie! Mas ela vem aí. Só tô pensando numas coisas aqui.)
Quando fiz aniversário, um dos meus desejos para o ano que vem por aí é sair de vez do armário como artista, especialmente escritora. Por diversas razões, muita gente tem vergonha de assumir que escreve, por mais que isso faça parte de quem somos. Já contei por aqui que eu tinha uma ótima autoestima criativa aos 8 anos, mas a vida se encarregou de me botar medo, vergonha e expectativas irreais em relação à palavra "escritora". Hoje, mesmo dando aulas sobre o tema, ter histórias publicadas, algumas a caminho e outras tantas no forno, ainda me debato com a ideia.
Mas hoje, isso acaba! [Inclua aqui um rugido, som de trovão e relâmpagos, chuva de fogo ou algum outro elemento badass da natureza]
Se você também fica com vergonha de comemorar o Dia do Escritor (que é hoje!), se você pede desculpas por dizer que tem projetos de livros e histórias, se você sempre dá um jeitinho de falar que “escreve umas coisas” sem nunca admitir que essa é uma das graças da vida, essa newsletter é um SINAL. O SEU SINAL.
Você vai simplesmente IGNORAR o SINAL???
… Olha, você pode ignorar o sinal. Tá tudo bem, sabe. Não é um sinal de verdade. Mas se você chegou até aqui sem se ofender (muito), por incrível que pareça, eu tô falando sério. Existem muitas razões pelas quais podemos fugir da arte, nos negar o risco e a experiência vulnerável da escrita. No fundo, no fundo, podemos viver a vida toda sem explorá-la, e talvez seja até mais fácil viver assim — mas sempre me pergunto se essa é uma boa vida e se não vale nem ao menos tentar.
Então, pra comemorar o Dia do Escritor, vamos tentar?
Dá a mãozinha, vem cá.
A outra mãozinha, eu sou destra.
É com a esquerda mesmo?
Ah, tá. Desculpa.
Como eu ia dizendo, vamos tentar. Vamos tentar ver a escrita como uma parte de nós da qual, por hoje, não queremos abrir mão, e as consequências disso. Se um dia isso for verdade, tudo bem — tudo bem. Mas enquanto você der um sorrisinho secreto quando perguntam sobre sua escrita, enquanto você lê sobre facas piratas do século 18 praquele projeto secreto, enquanto você se empolga com suas próprias histórias… ainda não dá para abrir mão.
Vamos criar metas realistas para a escrita, nos horários e contextos em que ela cabe no dia a dia. Ao mesmo tempo, vamos pensá-la com regularidade e intencionalidade, a grande palavra aqui. Para além dos guias de escrever todos os dias, pensar em como escrever sempre, avançar na sua história, aprender a terminar coisas.
Vamos abrir mão de algumas pequenas tentações em troca de escrever. Algumas. Pequenas. Poucas. De vez em quando, Assassin’s Creed! Só de vez em quando!
Vamos lembrar que a primeira versão do seu livro não vai pra nenhuma gráfica do mundo conhecido. Que o que existe na sua gaveta não diz quem você é como escritora. Que o primeiro rascunho de TODO MUNDO é meio capenga. Que o editor do Tolkien teve que praticamente FURTAR os manuscritos da gaveta do homem pra ter o que entregar.
Vamos lembrar que não precisa ser solitário. Que autores se reúnem em comunidades e conseguem apoio mútuo, e que isso faz toda a diferença. E que se fechar diante dos fracassos é perder uma oportunidade de também ser escritor nos momentos difíceis.
Você é sempre uma escritora, um escritor, até quando está empacada. Até quando é difícil. Até quando você é o Douglas Adams e passa literalmente MAL para cumprir um prazo. Até quando é difícil continuar.
Porque é difícil, fazer arte é uma maluquice completa. Mas deusolivre viver num mundo onde ela não exista, e onde ela não faça parte de mim.
Feliz Dia do Escritor, gente linda!
Hoje, é claro, só vou recomendar leituras, incluindo…
📖 … essa edição absolutamente fantástica da newsletter da Diana Passy sobre os desejos dela para o mercado editorial;
🤯 … essa outra edição da Tristezas de Estimação, da querida Fabi Guimarães, que eu recomendo sempre por aqui. Ela também fala sobre o processo de se admitir escritora, sendo que basta ler um livro dessa mulher pra saber que ela sempre foi, e muito!;
😈 … “Mariposa Vermelha”, da Fernanda Castro, minha leitura atual que está me deixando obcecada por folhas de amoreira;
💌 … que vocês inclusive conheçam meus coleguinhas de agência Magh, esses lindos!
🚀 … a pré-venda de “O Céu Não É o Limite”, uma fofura de coletânea sobre viagens espaciais — incluindo minha história sobre uma blogueira espacial que, digamos, decepciona seus patrocinadores.
Obrigada por ter me lido até aqui e até a próxima!
🥹🥹🥹
Isso aí!!! Vamos tirar esse pessoal todo do armário. Feliz dia da escritora, Claudinha 🥰❤️